Ator
"Eu comecei a fazer teatro em 1976,
aos 16 anos de idade, em uma escola chamada TESC (Teatro-Escola
da Cruz Vermelha), que era administrada pela Priscila Freire.
Era um curso para adolescentes e o fiz por um ano, pois a escola
fechou no ano seguinte. Fiquei um ano parado e depois dei prosseguimento
na escola do Ronaldo Boschi (Diretor Teatral).
Fiquei lá por um bom tempo, fazendo teatro infantil e adulto.
Nesse ínterim, tentava conciliar teatro e trabalho, pois era bancário.
Em 1987 chutei o balde, larguei tudo e fui investir no teatro,
onde estou até hoje. O teatro infantil foi a grande escola que
me deu um bom embasamento e amadurecimento, conciliado com o teatro
adulto. Dos infantis, fiz "O Gato de Botas", "Litz, a Fada", "O
Gatinho que Bebeu a Lua" , "O Rapto das Cebolinhas" e muitas outras.
As adultas foram " Yerma" com o Ronaldo Boschi, "Rasga Coração"
com o Pedro Paulo Cava (Diretor Teatral) e, em 1988, "Com Jeito
Vai", um sucesso que ficou cinco anos em cartaz e me projetou
ainda mais. Foi aí que realmente eu me firmei no mercado. Depois
veio "Alô, Alô Brasil", com o qual ganhei o prêmio Sesc/Sated
de melhor ator coadjuvante. Comecei a fazer muitas comédias e
foi uma descoberta, que eu não sabia, da minha verve cômica. Não
me acho tão engraçado assim, mas funciona. Aí veio "Foi Bom Meu
Bem", "Dagmar, a Perigosa" , "É Dando Que se Recebe", e "O Conto
do Vigário". Fiz também "O Corcunda de Notre Dame", com direção
e produção do Marco Amaral e, no momento, estou no espetáculo
"Tango, Bolero e Cha-cha-chá", que está me proporcionando outras
experiências e a oportunidade de fazer mil coisas em cena, mas
com juízo. Há uns 5 anos, tive uma experiência na área de direção,
quando fui convidado para dirigir "A Bela Adormecida". Fui no
risco, com medo, mas fui bem e até a atriz Mazé Dávila, do elenco,
foi premiada pela AMPARC. Depois, passaram-se alguns anos e me
chamaram para dirigir uma peça adulta chamada "Quatro é Bom, Cinco
é Demais". Hoje, estou dirigindo um musical infantil chamado "Os
Aristogatos", que estréia este mês. Está sendo muito mais tranquilo
e estou mais seguro também. A gente vai aprendendo a errar menos
e, por ser ator, a visão fica mais aguçada. A direção nos dá uma
noção mais abrangente do todo. Estou aprendendo muito e aplicando
tudo que aprendi também nesses meus 27 anos de carreira. Graças
a Deus, nunca parei. Saio de um trabalho e entro em outro. É bom
ter essa regularidade, mas é uma loucura também, pois é praticamente
um espetáculo por ano, além de estar me aperfeiçoando, fazendo
dança, aula de voz e outras coisas. A gente não pode ficar parado,
tendo que estar sempre buscando um estímulo a mais, porque senão
enferruja e não funciona mais.
TEATRO MINEIRO
- Quando eu comecei, a efervescência do teatro feito aqui era
maior. Eram poucos atores e poucas produções e, então, as pessoas
se juntavam e se ajudavam mais. Hoje, o número de atores e produtores
aumentou e acabou se pulverizando, tornando-se uma coisa individual.
Hoje, se o ator não se produz, ele quase não trabalha. Produz
o espetáculo que ele quer e vai chamar quem ele quer para trabalhar.
Apesar do número de teatros ter crescido, está mais difícil. E
ainda há também os problemas ligados às Leis de Incentivo à Cultura.
Antigamente, tendo ou não dinheiro, a gente produzia. Hoje, se
o projeto está na Lei, ele é produzido. Se não está, não se faz
nada. Ficamos dependentes. Quando a gente é aprovado, vem outro
problema que eu chamo de carta de pedinte, em que você sai batendo
de porta em porta. Quem tem mais influência e contatos no meio
empresarial, tem mais facilidade e fica de fora quem está começando
ou não tem traquejo para a captação. Além disso, existem as empresas
de captação que cobram um absurdo. A gente recebe o dinheiro e
boa parte vai parar na mão do captador. É uma situação que precisa
ser vista e revista. Em termos teatrais, melhorou-se muito. Muitas
produções de qualidade têm acontecido. Agora, acho que os atores
estão chegando sem informação. Todo mundo quer ser ator hoje.
Acham que é só fazer > > um cursinho de dois meses que já se torna
ator. E querem ir para a televisão. Antes, nós atores tínhamos
a preocupação de nos informar mais, de estarmos pronto para a
luta. Temos que dar força para quem está começando, mas eles têm
que se informar bem e saber que teatro não é um "playground".
É uma profissão como outra qualquer e deve ser respeitada, porque,
muitas vezes, a gente deixa de fazer uma série de coisas para
se dedicar a ela. Pode ser um exagero, mas é quase que uma religião.
Tem que entrar com fé.
RECADO - Que a gente procure ser mais unido e colabore
mais com os colegas. Não pode ser uma luta individual. Às vezes,
a gente precisa de espaço e, se um outro tem, porque não colaborar?
Quero agradecer às pessoas que me ajudaram nessa minha empreitada,
pelo respeito que têm comigo. Pois acho esse carinho importante.
Fico muito feliz por ter essa credibilidade. Teatro não é ôba-ôba.
É uma profissão digna e não podem querer avacalhá-la.
PALCO BH - Acho fantástico. Ele condensa tudo. Se você
precisa saber todas as informações, tem nele. Tanto de espetáculos,
endereços e etc. É um informativo importante e necessário, tanto
para nós artistas, quanto para turistas e o público em geral,
pois divulga os atores e produções locais."
|