RÔMULO DUQUE

Ator, Diretor, Produtor e Presidente da AMPARC (Associação Mineira de Produtores de Artes Cênicas)


"Tudo começou em 1972, quando fui convidado para fazer uma figuração no espetáculo "Romão e Julinha" do Pedro Paulo Cava. Com satisfação, comecei bem, com um excelente profissional e produtor, um dos grandes nomes da época. Depois fiz "Dom Chicote", e, com o Grupo de Teatro de Pesquisa do Pedro, tive a oportunidade de conhecer outros profissionais, fundando juntos o Grupo de Teatro A.M.I. Pegamos um espaço na Rua da Bahia que é da Associação Mineira de Imprensa. No auditório, construímos um pequeno teatro de 100 lugares e ficamos durante seis anos, desenvolvendo um importante trabalho para o teatro mineiro. Ali aconteceram espetáculos de fundamental importância e reuniões que desaguaram na criação da lei que regulamentou a profissão dos artistas em 1978. Fiz "Ponto de Partida", mais de vinte espetáculos infantis, com direção artistica do Walmir José, com Marina Miranda, Roberto Torido e Miguel Rezende. Enfim, um grupo de pessoas que tinha, e alguns ainda tem, muita importância no cenário da produção e no fazer artístico em Minas Gerais.

Depois desses seis anos eu me afastei um tempo do teatro, até que fui convidado pelo Walmir José para retornar, já na área política do movimento teatral, sendo vice-presidente dele na antiga APATEDEMG, que se transformou, na nossa gestão, no SATED. A nossa batalha nessa época foi conseguir a carta sindical, que era um grande desejo dos profissionais, para que fossem representados através do Sindicato. E não era fácil conseguir, pois dependia de um aval do Governo Federal e do Ministério do Trabalho. O fato de termos conseguido essa carta, em 1988, foi uma conquista muito grande para a categoria em Minas. Nós fomos o quinto sindicato do País na área de artes cênicas. Pudemos fazer com que o registro profissional fosse muito mais importante do que ter a carteirinha do Sindicato. A partir daí, envolvido nessas questões, candidatei-me e fui eleito presidente do Sindicato. Fiquei na gestão por três anos e, com experiência acumulada, criei minha produtora. Sentia que BH tinha necessidade de pessoas mais capacitadas e preparadas no campo da produção, pois, o campo artístico sempre esteve muito bem equipado, com artistas, diretores e técnicos. Fiz a produção do espetáculo "A Comédia dos Sexos", que, na época, obteve bastante sucesso, em que trouxe, pela primeira vez, um nome de repercussão nacional da televisão, o Rogério Cardoso. O espetáculo ficou um ano em cartaz com casa lotada. Depois, fiz uma super produção infantil que foi o "Peter Pan". Hoje continuo com minhas produções, todo ano fazendo uma peça infantil e uma adulta. Estou com minha nova sócia, a Marísia do Prado, e estamos com "Cachinhos de Ouro" em cartaz. Mais recentemente, por estar produzindo e sentindo dificuldade de algumas coisas na organização da produção, e por gostar muito da questão política, achei que o melhor caminho para fazer o que eu acredito, seria me candidatar à presidência da entidade que representava os produtores, no caso, a AMPARC. Há três anos atrás fui eleito presidente, com um mandato de dois anos. Fui muito bem. No primeiro ano, quando assumi, a minha meta era começar com um mercado mais profissional, e a forma de mostrar esse desejo seria na Campanha de Popularização."

CAMPANHA DE POPULARIZAÇÃO - "A campanha tinha, em média, um público de nove a doze mil espectadores por ano. No primeiro ano em que eu peguei a Campanha para administrar, dentro da política implantada, nós conseguimos passar para um público de quarenta mil pagantes. No segundo ano, elevamos para sessenta mil. Agora, no terceiro ano, no reinício do meu mandato, dentro dessa política de valorização do profissionalismo, fizemos a maior Campanha de Popularização do País, na qual nós levamos cento e vinte mil pessoas ao teatro. Foi um salto quantitativo que conquistamos. Mais do que isso, conseguimos outras vitórias. Nos últimos anos, o cuidado dos produtores com os espetáculos tem crescido.

A 27ª Campanha de Popularização não tem, necessariamente, a obrigatoriedade de repetir a 26ª ou 25ª. Ela só tem a obrigação de manter o espírito pelo qual foi proposto o projeto, isto é, viabilizar o acesso do maior número de pessoas às casas de espetáculos. Desde que assumimos, há três anos, cobramos o mesmo preço, de R$ 4,00 para peças infantis e R$ 5,00 para adultas. E em 2001 completamos quatro anos com essa política de ingressos a baixo custo."

O GUIA - "No teatro em BH, o que sempre faltava era uma referência em que as pessoas tivessem para onde se dirigir e saber o que está acontecendo no movimento cultural da cidade. E o guia vem suprir isso, pela facilidade de acesso a essa informação, com uma distribuição gratuita em diversos pontos específicos e de grande afluência de pessoas. É uma informação básica e necessária. Tudo o que está acontecendo de importante no momento está ali dentro e as pessoas vão ter acesso a isso."

Coxia
Entrevista