HELVÉCIO GUIMARÃES

Ator, Diretor e Professor do Centro de Formação Artística da Fundação Clóvis Salgado


"Quando eu tinha seis anos de idade, meu pai estava ouvindo rádio enquanto passava o rádio-teatro. Rodolfo Maia estava fazendo o papel de Nicolau Paganini. Eu, menino, que nunca havia prestado atenção em rádio, e naquele tempo era só o que existia, parei siderado ali. Naquele momento resolvi que seria " aquilo". Não sabia o nome nem nada. Mamãe queria que eu estudasse violino, aí eu falei: Não mãe, eu quero ser aquilo! O que eu estava tentando dizer era que eu queria ser rádio-ator. Desde cedo, já tinha resolvido que seria ator.

Com 14 para 15 anos, eu fiz um teste para o rádio-teatro da Rádio Inconfidência e a minha carreira de ator começou ali. Comecei a trabalhar em 1949 e hoje tenho 51 anos de estrada. Do rádio para o palco foi um pulo, porque, naquele tempo, o teatro em Belo Horizonte não era muito institucionalizado como hoje. Naquela época, a gente sempre fazia uma "vida de cristo" na Semana Santa para descolar uma nota. Eu já fui Centurião, com as pernas muito finas, mas fui. Depois fui Judas e aí, numa dessas, fui promovido a Jesus. Minha iniciação no palco se deu assim, nesse teatro bem amadorístico e oportunista.

Daí eu fui para o Rio de Janeiro, como rádio-ator, fiquei conhecendo a TV Tupi e lá virei "sapo" de estúdio. Quando a TV Itacolomi estreou aqui em BH, eu vim para o teleteatro. Desde então, fazia palco e televisão.

Cinema eu não gosto muito. Fiz uns poucos filmes e acho que todo diretor de cinema tinha que fazer um curso de teatro para dominar a arte de interpretar. Eles não sabem nem o que pedir ao ator. Não dominam a nomenclatura da nossa profissão.

O teatro hoje está bem melhor, principalmente, porque nós já temos mais de vinte teatros aqui em Belo Horizonte e uma média de sessenta produções por ano. Não estou exagerando. Todas elas bem sucedidas. Dizem que o público está em crise. O teatro está em crise. Nenhum dos dois estão em crise não! O que acontece é que você tem que fazer uma peça que atenda à demanda de mercado. Isso não tem uma conotação pejorativa e nem vem em detrimento da arte. A arte tem que ser consumida. Se ela se fecha em si mesma não cumpre sua função social. Por que a arte existe? Qual é a função social do teatro? É refletir no palco a vida de uma determinada comunidade para que esta, se vendo, reflita sobre si mesma e modifique seu comportamento para melhor. Então, a arte tem que ter consumidor e por isso, vejo nosso teatro hoje cada vez mais forte, cada vez mais profissional."

O GUIA - "Este guia é absolutamente necessário. É importante que Belo Horizonte se organize em relação ao turismo e ao lazer. É importante ter um guia confiável, que possa ser distribuído para todos, tanto para os moradores daqui, quanto os que vêm de fora. Assim, o sujeito vai saber o que vai ver e com quem vai ver. Eu acho até que deveria ser uma obrigação da Prefeitura, como é o catálogo telefônico para as companhias telefônicas. Tinha que ser algo assim, obrigatório. Temos outros guias muito bons, mas em alugns deles tudo fica tão pulverizado e atrasado que, às vezes, fica faltando informação. O Palco BH é mais específico, concentrado. A segmentação é muito inteligente."

Coxia
Entrevista