JOSÉ FERREIRA DE SOUZA

Segurança do Palácio das Artes

"Sou nascido no dia 30 de abril de 1941. Vim para Belo Horizonte e, chegando aqui, peguei uma parada muito torta, porque naquela época, em 1970, a coisa não era mole. Mas dei os meus pulos e consegui vencer minha batalha. Caí em diversos lugares, até que um colega meu que trabalhava aqui no Palácio das Artes, me conhecia e sabia como eu era, me disse que tinha uma vaga. Ele bateu um papo com a chefia e aí me chamaram para fazer um teste. Passei e entrei. Nesse tempo era a CLT. Trabalhei 11 anos e meio na CLT.

 

Depois veio o Collor, com aquela lei que dizia que a pessoa que tivesse mais de dez anos trabalhando pela CLT, teria que fazer um teste e trabalhar para o Estado. Fiz, passei e, no Estado, estou até hoje. Então, cheguei aqui no dia 20 de agosto de 1979 e vão fazer 25 anos que estou no prédio. De serviço estou com 32 anos e quatro meses. Mas aí, você sabe, o Estado hoje está uma coisa que não dá para entender. O negócio não está mole. Vem um governo promete uma coisa e não faz. Vem outro e é a mesma coisa. Desse jeito, já vão para 11 ou 12 anos que ninguém tem aumento. Eu sou um cara que não tem muita leitura, mas dou muito acerto, tenho muita psicologia e sei como é que toco a minha vida. Só que, às vezes, as pessoas não procuram a gente para saber como é que a gente é. Não sou rico não, mas, Graças à Deus, sou um cara independente, tenho um barraco onde morar, não pago aluguel, não pago passagem, moro perto e minha família está criada. O meu trabalho aqui é uma parada. Já fiz de tudo. Fui da portaria e depois passei para a segurança, onde trabalho por toda parte. Trabalho na saída principal, na funcional, trabalhei por muito tempo na portaria de veículos e no estacionamento. Gosto do Palácio das Artes porque, mesmo que seja tudo o que for, é um lugar que tem fama, tem nome e muita gente gosta da gente. Em todo lugar que você trabalhe, uns acham você bacana e outros te odeiam. Mas isso é coisa da vida e passa. A vida vai e as coisas ficam. O que é que eu vou fazer? Então, vou tocando o bonde. Você sabe, todo o lugar que a gente entra, tem problema. Então, dei muito problema aqui. Compliquei muita coisa, porque eu sou assim: se a pessoa passar uma ordem para mim e falar para eu cumprir, pode contar comigo. Eu sou um cara que chego junto. Já mudei muito, mas sou assim. Vou falar para você uma coisa: nesses 25 anos, nunca cheguei no meu traballho atrasado e nunca saí atrasado. Tudo que eles me pedem eu cumpro. Agora, tem muitas coisas que a gente pede a eles e eles não cumprem. Mas isso é coisa da vida e passa.

RECADO - Agradeço à chefia que, quando vim para cá, me levantou e foram como se tivessem sido meus pais. Nessa época não tinha presidente e sim superintendente. Agradeço, então, o Dr. Nestor Santana, a Ana Melo, o senhor Mendanha e José Rodrigo, que já se foi e que Deus lhe dê um bom lugar, que foi um cara que deu o maior apoio na minha. Já passaram por mim aqui tantas pessoas, tantos superintendentes, tantos presidentes e todos são meus amigos. Não tenho nada para reclamar deles. Então, parabenizo também a chefia toda que comanda a gente até hoje.

PALCO BH - Se esse Palco BH deu certo, então que vá em frente e que Deus o abençõe."

Coxia
Entrevista