Ator e Produtor, integrante do Grupo Real Fantasia
"Em 1982, entrei para a Oficina de
Teatro do Pedro Paulo Cava, na mesma turma da Yara de Novaes,
Fernando Rocha e Wilson Oliveira. Fiquei por lá seis meses e fiz,
nessa época, um infantil chamado "Quem Viu o Gato Gerônimo".
Foi o meu primeiro espetáculo e já para crianças. Adorava o curso
da Oficina e os professores, mas senti necessidade de mudança.
Aí, em 83, fui para o Palácio das Artes, onde conheci o Marcelo
Xavier, Érica Buzelin e Beth Haas, vindo a montar, com eles, o
Grupo Real Fantasia. O professor da época, o Ludovikus, tinha
um espaço no Teatro Marília e sugeriu transformarmos uma improvisação
feita na escola em espetáculo para crianças. Apresentamos "As
Bonequinhas Encantadas", primeiro espetáculo do Grupo que ele
dirigiu, mexeu no texto e o ampliou. No Real Fantasia só trabalhamos
com espetáculos para crianças. Foi uma opção. Fizemos, até 87,
seis espetáculos, sempre na linha ligada à arte e educação e,
a partir de 87, o que consideramos ser o divisor de águas do Grupo:
"O Menino Maluquinho", com direção de Fernando Linares. Era um
espetáculo totalmente circense e ganhamos vários prêmios, inclusive
eu, com o de melhor ator de espetáculo para crianças. Depois disso,
conhecemos o Kalluh Araújo e começamos uma parceria que permanece
até hoje. Fizemos "A Bela Aborrecida" e "O Segredo de Cocachim"
em 89. Mais tarde resolvemos remontar "O Menino Maluquinho" e
foi um sucesso de novo. Em 96, montamos "Uma Professora Muito
Maluquinha", peça com a qual estamos em cartaz até hoje e é o
carro chefe do Grupo. Mais tarde, fizemos "O Teatro de Sombra
de Ofélia", junto com a remotagem de "Segredo de Cocachim". Depois
disso, ficamos três anos sem montar espetáculos e, agora, resolvemos
montar dois: o monólogo "A Bonequinha de Pano" do Ziraldo, interpretada
pela Érica Lima e "Fantasmas, Monstros e Assombrações", com todo
o Grupo. Aconteceu uma coisa inédita desta vez. Sempre tivemos
um bom apoio da mídia, mas estreamos este espetáculo sem nenhuma
foto ou matéria. Um mês em cartaz e nada nos jornais. Só que o
público está super bacana. Então, acho que a gente já conseguiu
conquistar um público fiel, que vem acompanhando o trabalho do
Grupo nesses seus 20 anos de existência. Fiz algumas coisas fora
do Real Fantasia, mas acabei não ficando, porque aqui é a minha
casa e onde me sinto bem. Foram poucos espetáculos adultos, por
opção. Acho que tenho preguiça de trabalhar à noite com teatro
e sempre quis trabalhar para crianças. Meu primeiro adulto foi
"Ensina-me a Viver", com direção do Elvécio Guimarães e, em 95,
"3001, Uma Odisséia Muito Louca". Foram experiências bacanas,
mas só serviram para reforçar o meu gosto em fazer teatro para
crianças. Fiz também uma minissérie para Rede Manchete chamada
"A Voz do Coração" e, mais recentemente, uma série para a televisão
infanto-juvenil chamada "Tibum". Uma produção mineira, independente,
com equipe, equipamentos e atores totalmente mineiros. Além de
trabalhar como ator e produtor, me formei em Belas Artes e sou
professor de Artes. Com isso, acabei criando também alguns cenários
e figurinos, como os dos espetáculos "Perdido Por Um, Perdido
Por Mil", "Defunto Bom é Defunto Morto" e "O Marido da Minha Mulher".
TEATRO PARA CRIANÇAS
– Antigamente fazer teatro para crianças era considerado
uma arte menor. Era muito difícil conseguir atores para um espetáculo
infantil. Para "Uma Professora Muito Maluquinha" nós chamamos
30 atores e tivemos que fechar com uma atriz, porque nenhum ator
aceitou. Até pouco tempo tinha-se muito preconceito, mas isso
mudou. A qualidade das produções está de alto nível, com bons
atores e acho que, de certa forma, contribuímos um pouquinho para
isso, pois, hoje, as pessoas se preocupam com a qualidade do espetáculo.
Não é mais como antes, quando a mesma pessoa fazia tudo. Acabou
essa história de "teatrinho infantil".
RECADO – O
teatro para crianças está tão bom quanto o teatro adulto em Belo
Horizonte. Então, peço aos leitores para assistir aos espetáculos,
pois vão ficar surpresos com a qualidade das produções."
Ator e Produtor, integrante do Grupo Real Fantasia
"Eu sempre fui ligado a teatro e os
meus pais sempre me levavam. Na fase da adolescência, juntava
aquela turminha nas festas e eu era o que fazia as palhaçadas,
montava esquetes, sempre como uma brincadeira, sem intuito profissional.
Um dia, uma amiga foi fazer prova no Palácio das Artes e me levou.
Aí, o que aconteceu
foi que eu passei e ela não. Então, em 83, fiz o curso do Palácio,
onde conheci o Boni da Mata, Érica Buzellin, Beth Haas e a Lola
Mendes, que eram alunos do Ludovikus e iam montar um espetáculo
escrito por ele e Beth Haas. Fui convidado a participar e daí
nasceu o Real Fantasia. Na época encaramos como um desafio, por
causa do preconceito com o teatro infantil. Fomos crescendo e
montamos vários espetáculos, dentre eles "O Mundo Mágico das Letras"
e "A Invasão do Reino Vegetal". O preconceito foi mudando aos
poucos, até que chegou uma fase em que o espetáculo para crianças
se tornou respeitado e visto com outros olhos, inclusive pelas
casas de espetáculos, pois, antigamente, a gente pegava sobra
do espetáculo adulto e hoje os refletores são divididos. Houve
uma época em que começaram a aparecer grupinhos montando espetáculos
para escola e, quando se apresentavam, queimavam o nome de todos
os grupos, por fazerem trabalhos de qualidade duvidosa. Essa má
visão foi mudando de novo, mas temos que tomar cuidado, porque
não é brincadeira. A criança está em formação e tem que ver coisa
boa, além do que, se o pai vai uma vez e não gosta, não volta
mais. É uma responsabilidade muito grande. Fiquei unido ao Grupo
até 1990, quando me mudei com o Boni para o Rio de Janeiro e ficamos
por dois anos nos aperfeiçoando. Fizemos cursos de cinema e interpretação
para televisão, mas na verdade, nunca nos desligamos completamente.
Várias vezes, nos finais de semana, vínhamos fazer apresentações.
Foi um tempo muito bom, mas a nossa casa nos chamou e voltamos
definitivamente. Fora do Grupo fiz alguns trabalhos com o Ronaldo
Boschi, "A Grande Corrida", com um pessoal do sul, "3001, Uma
Odisséia Muito Louca", com o Ricardo Batista e o "Tibum", a série
para TV. Também trabalho há dois anos no Teatro Marília na parte
administrativa. Cuido da relação entre a parte técnica e administrativa,
tentando contornar as situações. Acho que o trabalho está sendo
bem feito, talvez pelo fato de também estar do outro lado, sabendo
dos problemas que todo produtor passa.
REAL FANTASIA
– Os integrantes atuais do Real Fantasia são: Boni da Mata, Érica
Buzellin e eu, além daqueles que chamamos de agregados, pois já
estão com a gente em três espetáculos. São eles: Vavá Sena, Sérgio
Cesário, Érica Lima, Cristiane Fernandes, Juliana Fonseca, Herbert
Tadeu e Kalluh Araújo. Na parte da trilha sonora o Fernando Muzzi,
e Andréia Amendoeira, nossa preparadora vocal. Chamamos assim,
porque toda a responsabilidade do Grupo se concentra em nós três.
O curioso é que duas das agregadas, a Juliana e a Cristiane, são
ex-alunas aqui da escola do Real Fantasia. É muito gratificante
ver muitos dos nossos alunos já atuando no mercado.
RECADO – Eu brinco,
dizendo que fazer teatro é um "karma". A gente se expõe muito
e é muito cobrado. Os elogios são poucos, mas as críticas... Quando
a gente ganha concorrências, sempre é por alguma coisa qualquer,
mas nunca pela qualidade do nosso trabalho. Mas apesar de ser
um "Karma", é muito gostoso de ser cumprido."
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