GENILSON DOS SANTOS SOUZA


Técnico do Teatro Giramundo

"Trabalhava em uma fábrica de tecidos e saí para trabalhar em um hotel. Sou do interior e, em BH, fiquei por um tempo na casa de um primo que trabalhava com iluminação para shows. Estava desempregado, esperando o acerto de uma firma para entrar em outra, quando ele me chamou para ajudá-lo a carregar malão, essas coisas. Não estava fazendo nada e aceitei. Comecei como carregador e adorei o serviço. Achei fantástico o trabalho dele e fui ficando cada vez mais admirado.

 


Fui continuando com aquilo e, por fim, desisti de mexer com o hotel. Meu primo abandonou a área e eu segui carreira. Foram me ensinando, até que entrei em uma firma chamada Luz Azul, fazendo shows. Aí, conheci o Márcio Pantera que era da área de teatro e trabalhava no Festival de Inverno. Ele me pôs na fita e comecei a trabalhar com ele, aprendendo a mexer com refletores mais específicos da área de teatro (elipsoidal, pc e fresnel). Por volta de 1988, fui para o Festival de Inverno trabalhar como ajudante nas montagens. No ano seguinte, já fui como Coordenador de Iluminação, devido ao meu bom desempenho nos trabalhos que fiz lá com o pessoal. Com o Pantera, conheci o Grupo Giramundo na estréia de "O Guarani" na Serraria Souza Pinto. Gostaram do meu trabalho e, daí em diante, fui fazendo muitas coisas com eles, até ser convidado para trabalhar aqui no Teatro. Presto serviço para o Grupo há 5 anos, mas aqui no Teatro estou há apenas um ano. Cuido da iluminação, do cenário e de outras coisas mais. Na verdade, sou pau para toda obra, como todo técnico. A formação do técnico se dá, a cada dia, aprendendo sempre uma forma de ser mais eficaz, inclusive com os equipamentos mais modernos que vão surgindo. É assim a nossa escola. Acho que fazer iluminação para teatro de bonecos é mais complicado do que iluminar uma pessoa. A luz tem que ser ainda mais precisa e exige muito trabalho do técnico, porque é mais delicado com um objeto em movimento. Faço ainda muitos trabalhos com outras pessoas. Participei do primeiro Festival Internacional de Teatro, além de, recentemente, ter feito o Festival de Cenas Curtas pela segunda vez, não só como técnico, mas na contra-regragem.

RECADO - Quero agradecer a maioria dos meus companheiros técnicos e atores que, a cada dia na minha vida, me passam muita coisa. Acho que para exercer essa profissão tem que se ter muito amor e carinho pelo trabalho, porque exige muito da gente. Às vezes, não temos finais de semana e não dá para passar o tempo com a família. Tenho que agradecer a várias pessoas, mas vou citar pelo menos algumas delas: Gegêra, com quem aprendi muito, o Pantera, que me trouxe para esse lado do teatro e o Grupo Giramundo, que me acolheu aqui e estou, a cada dia, aprendendo mais a fazer luz para bonecos."

Camarim
Entrevista