Diretor, ator, produtor
e professor
"Como a maioria das
pessoas que estão no mercado, comecei fazendo escolas de teatro.
Cursei a Oficina de Teatro do Pedro Paulo Cava, depois fiz a Fundação
Clóvis Salgado. Isso foi em 1985 e 86. O Pedro Paulo me convidou
para fazer uma personagem no espetáculo "Galileu Galilei". Vendo
o Pedro conduzir a direção, achei que poderia também me enveredar
para esta área. Daí, não acontecia nada, então juntei algumas
pessoas da minha geração que eu achava interessante e montamos
o Grupo Encena. Fizemos "A Lira dos Vinte Anos", um espetáculo
que ficou quase três anos em cartaz e foi um sucesso. Depois montamos
"Bessame Mucho", uma comédia que confirmou esse sucesso. Isso
solidificou as nossas relações. Começamos a pesquisar, trabalhar
e resolvemos sair do estilo realista para fazer um peça expressionista.
Fizemos "Inimigos de Classe," que funcionou muito bem, não tinha
público, mas tinha uma crítica favorável. Depois, tentamos mudar
a rota de novo e fizemos "Trivial Simples", rompendo completamente
com o realismo ou, pelo menos, tentando. Recentemente fizemos
"O Beijo no Asfalto", que nos trouxe um reconhecimento absoluto
na cidade. A última montagem do Encena, e é com esse espetáculo
que estamos comemorando quinze anos de trabalho consecutivo, chama-se
"Algo em Comum". Um texto que trata das relações amorosas em tempos
de aids. Nós já conseguimos organizar um debate em torno do texto
e de sua proposta, tanto estética, quanto temática, e isso tem
garantido a sua permanência em cartaz até hoje, o que nos surpreendeu
muito. O espetáculo recebeu dois prêmios importantes no ano passado,
e a gente espera fazer uma ótima temporada no nosso segundo ano
de Campanha de Popularização. Evidentemente, trabalho com o grupo
e fora dele e já montei em torno de vinte peças até hoje como
diretor. Atualmente fiz "Querida Molly", uma coisa muito nova
na minha carreira. Foi a primeira vez que eu aceitei fazer uma
co-direção. A proposta estética do espetáculo era muito bem pensada
e eu cheguei nos ensaios e encontrei um cenário vazado. Pensei:
- é a minha chance de tirar o pé do chão. Acho que o meu encontro
com a atriz Mônica Ribeiro foi feliz nesse sentido."
TEATRO MINEIRO -
"A coisa mais importante que eu percebo hoje é que, depois de
muitos anos, esse lugar, teatro mineiro, se tornou um lugar de
trabalho reconhecível. Transformou-se em um seguimento mais profissional.
A Campanha de Popularização do Teatro deu esse "status". É um
sucesso absoluto. Outro dado importante é o fato de termos o Festival
Internacional de Teatro (FIT) aqui, embora, pessoalmente, ache
que ele premie sempre uma mesma tendência e as mesmas pessoas.
Como professor, aprendi
muito sobre o trabalho do ator. É muito bom esse convívio diário
com o aluno. Acho também que a formação escolar para o ator é
fundamental. Há uma diferença muito grande entre o ator que sai
de uma escola e um ator auto-didata. A criação é uma coisa intuitiva
em termos, pois ela pode ter um início de intuição muito forte,
mas se não for organizada ou acrescida de um conhecimento formal,
talvez a expressão artística fique mais pobre. Todos os atores
que vi ultimamente em BH, que são muito interessantes e que se
expressam muito bem, saíram de escola de teatro."
GUIA - "O guia
é aquilo que faltou sempre. Acho que qualquer pessoa passou pela
situação de ficar enlouquecido para saber o que é que a cidade
está oferecendo de espetáculos, não tem como ter acesso a um jornal
naquele momento, não sabe onde buscar e, de repente, enfia a mão
no bolso e encontra um guia lá que lhe diz tudo. É a coisa mais
prática e interessante que ocorreu nesse ano que passou. Eu gosto
muito de coisa prática."
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