Chefe
de Palco do Palácio das Artes
"Iniciei a minha profissão de técnico aqui no Grande Teatro do
Palácio das Artes. Nunca tinha trabalhado na área antes. Há 23
anos, cheguei no Palácio das Artes para trabalhar no Almoxarifado,
gostei tanto do palco que aqui estou até hoje. A minha função
é organizar o Grande Teatro. Recebo as produções de fora pela
manhã e oriento as montagens, participando de todas as operações
nos espetáculos. A minha equipe é composta de 16 técnicos (luz,
som e maquinária), tudo sob a minha responsabilidade. No meu caso,
tenho que saber de tudo um pouco para poder coordenar as montagens
e os espetáculos. A prática é a melhor forma de aprender.
A teoria também é
muito boa, mas nada como viver o dia-dia das montagens e as alterações
de cada espetáculo. A Fundação Clóvis Salgado é excelente e não
pretendo sair daqui tão cedo. Quando o Teatro Sesiminas inaugurou,
fui até convidado para ir para lá, mas optei por ficar na Fundação.
Existem momentos felizes, mas também terríveis. Um deles foi o
incêndio no Grande Teatro do Palácio das Artes. Estava chegando,
vi um helicóptero sobrevoando o teatro e pensei que era o Fórum
das Américas ou alguém checando alguma coisa. Quando cheguei no
portão, me falaram para correr porque o fogo estava atingindo
o Teatro. Em 40 minutos o Teatro se acabou. A reinauguração da
Casa com o Grupo Corpo também foi uma loucura. A iluminação não
dava certo e outras coisas mais. Nesse dia, se não fosse o amor
e o carinho que a gente tem pela casa, era para abandonar tudo.
Mas a maioria da equipe daqui tem 20 anos trabalhando junto e,
quando começa um espetáculo, a gente esquece tudo, até mesmo a
nossa casa.
O MERCADO -
O mercado de trabalho em BH já está saturado porque as equipes
são pequenas, tem a questão do dinheiro e as vagas todas estão
preenchidas. É difícil conseguir um técnico hoje porque os que
sabem já estão dentro dos teatros. Tem muita gente boa, mas que
trabalha nas equipes de luz e som de fora. É uma meninada que
está vindo e é legal. Mas eles não têm a prática do teatro, que
é mais complexo. Em shows tem o mapa de luz, coloriu e está bom.
Já o teatro é mais detalhado, usa elipsoidal, foco e é mais ensaiado.
RECADO - Eu quero aproveitar para deixar um elogio para
a minha equipe do Grande Teatro. A gente trabalha com espetáculos
do mundo inteiro e sempre deu tudo certinho."
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