ROBERTO EDUARDO DINIZ PONTES

            Chefe de Palco do Palácio das Artes

"Iniciei a minha profissão de técnico aqui no Grande Teatro do Palácio das Artes. Nunca tinha trabalhado na área antes. Há 23 anos, cheguei no Palácio das Artes para trabalhar no Almoxarifado, gostei tanto do palco que aqui estou até hoje. A minha função é organizar o Grande Teatro. Recebo as produções de fora pela manhã e oriento as montagens, participando de todas as operações nos espetáculos. A minha equipe é composta de 16 técnicos (luz, som e maquinária), tudo sob a minha responsabilidade. No meu caso, tenho que saber de tudo um pouco para poder coordenar as montagens e os espetáculos. A prática é a melhor forma de aprender.

 

A teoria também é muito boa, mas nada como viver o dia-dia das montagens e as alterações de cada espetáculo. A Fundação Clóvis Salgado é excelente e não pretendo sair daqui tão cedo. Quando o Teatro Sesiminas inaugurou, fui até convidado para ir para lá, mas optei por ficar na Fundação. Existem momentos felizes, mas também terríveis. Um deles foi o incêndio no Grande Teatro do Palácio das Artes. Estava chegando, vi um helicóptero sobrevoando o teatro e pensei que era o Fórum das Américas ou alguém checando alguma coisa. Quando cheguei no portão, me falaram para correr porque o fogo estava atingindo o Teatro. Em 40 minutos o Teatro se acabou. A reinauguração da Casa com o Grupo Corpo também foi uma loucura. A iluminação não dava certo e outras coisas mais. Nesse dia, se não fosse o amor e o carinho que a gente tem pela casa, era para abandonar tudo. Mas a maioria da equipe daqui tem 20 anos trabalhando junto e, quando começa um espetáculo, a gente esquece tudo, até mesmo a nossa casa.

O MERCADO - O mercado de trabalho em BH já está saturado porque as equipes são pequenas, tem a questão do dinheiro e as vagas todas estão preenchidas. É difícil conseguir um técnico hoje porque os que sabem já estão dentro dos teatros. Tem muita gente boa, mas que trabalha nas equipes de luz e som de fora. É uma meninada que está vindo e é legal. Mas eles não têm a prática do teatro, que é mais complexo. Em shows tem o mapa de luz, coloriu e está bom. Já o teatro é mais detalhado, usa elipsoidal, foco e é mais ensaiado.

RECADO - Eu quero aproveitar para deixar um elogio para a minha equipe do Grande Teatro. A gente trabalha com espetáculos do mundo inteiro e sempre deu tudo certinho."

Camarim
Entrevista