Chefe
de palco do Teatro da Assembléia
"Era
"holding" e técnico de uma banda e montava tudo, mas não profissionalmente.
Nos anos 90, criaram o Teatro da Assembléia e veio a peça "Ações
Ordinárias", com a Elizabeth Savala, para estrear o teatro. Eu
era chefe da marcenaria da Assembléia e me chamaram para montar
o cenário. Depois foi um trabalho atrás do outro.
Fui me aprimorando até que o
Jorginho de Carvalho veio a BH dar uma oficina de iluminação cênica
no Teatro Francisco Nunes e, dessa oficina, saiu o resultado do
projeto de iluminação do espetáculo "Hollywood Bananas". O Jorginho
passou tudo quanto é toque de iluminação para nós. O Ludovikus,
que era o administrador do teatro na época, falou que eu teria
que fazer outro curso. Foi quando fiz, na Fundação João Pinheiro,
pelo FAT e Palácio das Artes, um curso básico e outro especializado
de palco, que deu para ter mais noção do todo.
Daí, aprendi mais no dia
a dia com os colegas. Na verdade, Belo Horizonte não tem uma escola
para isso. Toda a minha experiência foi adquirida numa mistura
da prática com alguns cursos e várias oficinas, porque eu não
parava. No tempo em que tocava baixo na minha banda, não sabia
nem o que era "gelatina" (filtro de cores para efeito de iluminação).
Eu só vim a conhecer mesmo aqui no teatro. Até então, para mim,
gelatina era coisa de comer. A minha função aqui é iluminação,
operação ou montagem de luz, trilha ou som de banda, audiovisual,
ou seja, tudo. Amo o que faço. Muita gente tem mania de falar
que sou um puxa-saco da Assembléia. Estou apenas fazendo o que
gosto e ganho para fazer e, por isso, devo fazer bem feito. Fui
indicado três vezes em 98 e cinco vezes em 2001 para o prêmio
Sesc/Sated de melhor técnico do ano e melhor iluminação de duas
peças, uma adulta e outra infantil. São estas coisas que me dão
vontade de trabalhar ainda mais. O pessoal também já se acostumou
com a idéia de que dentro do legislativo tem um teatro. Ligavam
para cá duvidando. Até mesmo os funcionários. Tem gente que era
contra, dizendo que é gasto, mas não vêem que, na verdade, não
é só um teatro. É um espaço político-cultural. Agora, as pessoas
perceberam que o teatro não é coisa para só rico ver. Atinge uma
gama de gente e ainda educa. Todo mundo via o teatro como um fantoche
no escuro bem distante e hoje eles sentam aqui, curtem e respeitam.
Isso tudo contribui para ver que o que faço não é um trabalho
perdido.
RECADO - O que percebo
hoje e até cobro é a mania de misturar funções. O diretor tem
que dirigir a cena, o iluminador vai iluminar e o operador operar.
Se o sonoplasta fez a trilha, tem que chamar o sonoplasta, mas
não vem sentar aquele monte de gente e começar a misturar tudo.
Não é falta de querer discutir idéias. É deixar que cada um exerça
sua função."
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