Espetáculo: A Menina e o Vento


"Quando estudei o texto da peça teatral de Maria Clara Machado, A Menina e o Vento, para o trabalho monográfico de meu Bacharelado em Estudos Literários, cuidei de refletir acerca do ato da personagem Maria subindo na cacunda do Vento. Tal imagem, em minha leitura, sempre possuiu certo tom poético porque evitava pensar no Vento enquanto homem, um vento personificado. Todavia, a imagem apontada na peça ˆ escrita para ser representada, e não apenas lida ˆ era a imagem da menina Maria no dorso de um homem alto (o Vento).

A imagem da menina, passageira e habitante do vento, sem a representação humana do vento, em muito me seduzia. No dia 05 de julho de 2003, pude, pela primeira vez, assistir à peça A Menina e o Vento, que estava em cartaz no Teatro Francisco Nunes. Já esperava a imagem fechada da menina na cacunda do vento, quando a atriz Tereza Gontijo (menina Maria) utilizou a técnica circense da corda indiana, no caso, na forma de tecido (o que possibilitou vários efeitos acerca do ventar), para corresponder à imagem do vôo. Tal técnica aproximou a imagem de minha leitura à imagem do Vento representado.

Esta nova imagem, muito bem possibilitada pela Z.A.P.18 valorizou também a representação do Vento, feita por Antônia Claret. Um bom exemplo é a primeira aparição do Vento. Este, ao invés de se encontrar deitado no palco, com a cabeça sobre uma pedra, está dormindo entre os tecidos, suspenso no ar como uma manta maternal de cegonha ligada ao teto. Imagem que ficou poética e mais ligada ao elemento ar.

Fico pensando, como espectador, nessa peça que, em 40 anos, desde que foi levada ao palco pela primeira vez, conseguiu acompanhar várias gerações de uma mesma família, ou de sua árvore genealógica. Falo do escritor Aníbal Machado, de sua filha Maria Clara Machado, de seu neto Chico Aníbal (um dos diretores da peça), e de sua bisneta Tereza Gontijo. Certamente Maria Clara se emocionaria ao ver sua peça sendo representada, na forma atual, na cidade em que nasceu: Belo Horizonte." Marcos Vinícius Teixeira - Bacharelado em Estudos Literários - Liberdade/BH

 

Entrevista
Coxia